Por Anny Lucard
'Obsessão - The Paperboy' estreou ano passado, mas só chegou ao Brasil esse ano, estreando nos cinemas brasileiros nesse fim de semana.
Matthew McConaughey e Zac Efron interpretam os irmãos Jansen, Ward e Jack, os quais junto de David Oyelowo, que interpreta o redator Yardley Acheman do Miame Times, tentam ajudar com uma matéria investigativa a personagem de Nicole Kidman, que faz a divertida e imprevisível Charlotte Bless; a tirar o noivo Hillary Van Wetter da cadeia, preso por homicídio, papel que John Cusack interpreta assustadoramente bem.
Baseado no livro de Peter Dexter, 'The Paperboy', mesmo com a participação do escritor do livro como roteirista do filme, a parceria com o diretor Lee Daniels para escrever a adaptação cinematográfica não foi das mais felizes.
O diretor Lee Daniels deixa evidente sua intromissão na história, ao se envolver no trabalho de roteirista, com a inclusão de determinadas cenas típicas de filme de arte, onde em geral os roteiros são com foco no visual e os textos são mínimos.
O que pode até funcionar em um roteiro original para o estilo, mas não para uma adaptação cinematográfica de livro, especialmente como 'The Paperboy'. A ideia não foi boa, porque mesmo muito bem filmado e com uma direção de arte que capricha nos detalhes da época na qual a história se passa, anos de 1960, o filme deixa a desejar por conta das falhas no roteiro.
A trilha sonora ficou impecável e visualmente o filme ficou perfeito. A direção de arte somada ao uso de fotografia com granulação não só enfatizou bem o tempo da história, como dá um toque realista ao filme. Porém, mesmo tentando seguir a linha do thriller escrito por Peter Dexter, o filme peca por causa da participação do diretor no roteiro, o qual incluiu uma visão muito pessoal sua, como diretor, que não funcionou bem para a adaptação.
Por conta da inclusão de muitas cenas sem falas, na maioria das vezes de conteúdo sexual ou com doses exageradas de drama, o diretor fez o filme perder o gênero original. Típicas cenas elaboradas por um diretor que conhece bem filmes de artes, só que não funcionaram como deveriam para um filme com história adaptada; o que fica ainda mais evidente ao ler o livro, já que várias das cenas nem existem ou foram reescritas de forma completamente diferente e deturpada no roteiro.
Há também a prolongação desnecessária de algumas cenas do livro, enquanto outras que necessitam um texto explicativo foram tão resumidas, que o público fica na dúvida do que está acontecendo. O que deixa quem não leu o livro em desvantagem, diante de um filme de potencial, com atores talentosos, mas com uma história um pouco confusa.
A inclusão dessas cenas desnecessárias e a subtração de explicações em outras, tornou a leitura do livro necessária no fim das contas, para quem quer entender melhor a história e descobrir o thriller que não irá encontrar no cinema, já que a adaptação é um drama. Por isso é recomendado para quem curte dramas, dos realísticos típicos de cinema de arte, e não para quem gosta de thrillers.
Outro problema no roteiro é a falta de foco quanto a visão narrativa. No livro a história é toda narrada pelo ponto de vista de um dos irmãos Jansen, o jovem Jack. Já o filme a narrativa começa com o ponto de vista da personagem de Macy Gray, Anita Chester, então começa a variar, mudando várias vezes de perspectiva, o que ajuda o roteiro a fica ainda mais confuso.
Uma coisa que é importante ressaltar, é que o LIVRO pode ser recomendado para maiores de 14 anos, mas dada a inclusão de várias cenas no FILME de conteúdo adulto, que não existem no livro, eu não o recomendo para menores de 18 anos.
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