Por Anny Lucard
O filme 'Rio, Eu Te Amo', da franquia internacional "Cities of Love" (traduzindo "Cidades de Amor"), que iniciou em Paris, com a produção 'Paris, Eu Te Amo' (filme de abertura do Festival de Cannes em 2006), chega ao Brasil com uma proposta curiosa. Em curtas de 7 minutos, unidos por personagens de ligação, o longa reuni pontos de vistas de várias partes do mundo em relação aquela que tem o apelido de "Cidade Maravilhosa", graças ao autor Coelho Neto o "príncipe dos prosadores brasileiros", que deu ao Rio de Janeiro o carinhoso nome.
Com um elenco estrelar e diretores de várias partes do mundo, incluindo os brasileiros Carlos Saldanha e José Padilha, o longa, conta várias histórias em forma de curtas, dirigidas por um diretor cada uma, as quais são reunidas por Vicente Amorim e seus personagens de ligação; que costura brilhantemente todos os curtas, tornando-os uma única história sobre a vida no Rio de Janeiro.
As histórias variam, indo desde comédias do absurdo até dramas existências. Entre eles há uma bela história de amor, envolvendo dois bailarinos do Teatro Municipal, interpretados pelo ator Rodrigo Santoro e a atriz Bruna Linzmeyer.
A história foi dirigida e idealizada pelo diretor brasileiro e desenhista Carlos Saldanha, que mesmo dirigindo seu primeiro trabalho fora da área de animação, onde é consagrado mundialmente; não deixo de fazer uma bela referência, usando uma espécie de "teatro de sombras" para contar sua história através da dança, num dos mais belos lugares da cidade, o Teatro Municipal, templo das artes, de beleza arquitetônica e artística do Rio.
Enquanto Carlos Saldanha fez os atores dançarem, o diretor australiano Stephan Elliott, conhecido pelo filme 'Priscilla, a Rainha do Deserto', fez o australiano Ryan Kwanten e o brasileiro Marcelo Serrado escalarem o Pão de Açúcar.
Inspirado em uma história que fez parte de sua própria vida, o diretor Stephan Elliott contou a divertida passagem de um famoso ator estrangeiro pela cidade, durante uma edição do Festival do Rio, com uma dose de fantasia sobrenatural. E por falar em sobrenatural, o diretor coreano Sang-soo Im se inspirou nas antigas pornochanchadas (gênero cinematográfico brasileiro) e contou uma história surreal, envolvendo vampiros pelas ruas do Vidigal.
Já a diretora libanesa Nadine Labaki e o brasileiro José Padilha, optaram por histórias com críticas sociais, mas ambas incluindo uma boa dose de humor, algo típico dos cariocas que até em meio ao caos, conseguem fazer piada da situação.
A produção é composta de uma constelação de talentos, desde atores e diretores de várias partes do mundo, até a equipe técnica e o resultado é um dos filmes mais bem produzidos e planejados já feitos no Brasil. Um exemplo do caminha que podemos seguir em relação a futuras produções, dando vida a histórias de gêneros variados, 100% brasileiras, que podem mostrar não só os dramas, mas os sonhos dos brasileiros.
'Rio, Eu Te Amo' é um filme de contrastes, mostra um pouco do Rio de Janeiro real e do mítico, da Cidade Maravilhosa e da não tão maravilhosa assim. Relatando a vida dos cariocas de nascimento e dos de coração, assim como revelando um pouco dos mistérios por suas ruas centenárias. Recomendado para quem gosta de um bom filme de gêneros bem variados, estreando nos cinemas amanhã.
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