Crítica - Totalmente Inocentes
Diretor: Rodrigo Bittencourt
Elenco: Fabio Assunção, Ingrid Guimarães, Kiko Mascarenhas, Fabio Porchat, Mariana Rios, Viviane Pasmanter, Leandro Firmino, Fabio Lago, Lucas D’Jesus, Gleison Silva, Cauê Campos.
Produção: Mariza Leão e Iafa Britz
Roteiro: Rodrigo Bittencourt
Fotografia: Fabio Burtin
Trilha Sonora: Rodrigo Bittencourt
Duração: 90 minutos
Ano: 2012
Gênero: Comédia
Distribuidora: Paris Filmes, Globo Filmes, Telecine e Downtown
Classificação: 14 anos
A comunidade DDC está em guerra. Depois que o travesti Diaba Loira (Kiko Mascarenhas)líder do DDC foi presa após ser traída pelo seu comparsa Do Morro (Fabio Porchat) que toma a liderança da comunidade, aterrorizando a todos após virar o grande chefão do local. Ele agora disputa o coração de Gildinha (Mariana Rios), uma estudante de jornalismo que faz estágio na revista “Tapas e Tiros” onde o atrapalhado repórter Wanderlei (Fabio Assunção) trabalha e precisa urgentemente de uma matéria de capa sobre o DDC para estampar a revista. No meio de tudo isso, um trio de adolescentes formado por Da Fé, Bracinho e Torrado (Lucas D’Jesus, Gleison Silva e Cauê Campos) trilham seus primeiros passos no mundo do crime na esperança de Gildinha notar Da Fé que é apaixonado por ela e acha que ela só se envolve com bandidos.
Totalmente Inocentes se encaixa como um favela movie, novo genêro cinematográfico que está surgindo depois dos sucessos brasileiros como Cidade de Deus e Tropa de Elite. Aproveitando os 10 anos do lançamento de Cidade de Deus, o lançamento do longa de Rodrigo Bittencourt que também assina o roteiro e trilha sonora, não poderia ter saído em melhor hora. O filme satiriza filmes brasileiros do gênero assim como acontecia com as chanchadas da Atlântica e os antigos filmes de Renato Aragão. Mas o filme é uma comédia em todos os sentidos pois satiriza bem os filmes retratados ao mesmo tempo que tem uma história diferenciada, que também mistura um pouco de Tarantino, Almodóvar, Frida Khalo entre outras referências cinematográficas.
O filme é direcionado ao público adolescente por conta do trio de protagonistas formado por Lucas D’Jesus, Gleison Silva e Cauê Campos e por isso tem uma visão direcionada para eles com referências tecnológicas ao youtube (com direito a participação especial de Felipe Neto como um VJ da comunidade), twitter, facebook mas sem esquecer que por ser um filme sobre favelas, ele também contém uma boa dose de violência e palavrões e por isso sua classificação etária é de 14 anos. Alias, os jovens atores são ótimos e foram uma boa escolha de elenco da produção do filme, especialmente Cauê Campos que é o caçula do trio e tem as melhores tiradas do filme. A sequência em que eles tentam roubar uma galinha no melhor estilo vídeo game é hilária. Outra sequência ótima do filme é quando em uma entrevista para Gildinha, Do Morro narra sua infância para a jornalista que lembra muito algumas das sequências em desenho animado de “Kill Bill” que certamente é outro artifício para aproximar o filme do público adolescente.
Na parte adulta do filme, temos a equipe da revista policial e de celebridades “Tapas e Tiros” formada pelo atrapalhado repórter Wanderlei (Fabio Assunção) que louco para sair de férias para Cancun acaba aceitando uma matéria de última hora a mando de sua chefe Raquel (Ingrid Guimarães), a poderosa editora chefe da revista que enquanto não está paquerando as estagiárias da redação está apimentando a relação com a namorada pelo telefone.
Ao contratar Gildinha como estagiária da “Tapas e Tiros”principalmente por ela morar no DDC, Wanderlei espera conseguir a matéria de capa que Raquel tanto quer, mas ao mesmo tempo está morrendo de medo de entrar na favela, e acaba forjando uma matéria falsa com a ajuda de Da Fé e Bracinho. A parte jornalística do filme ficou ótima, especialmente por conta das interpretações de Fabio Assunção e Ingrid Guimarães. Assunção está ótimo como o repórter atrapalhado de “Tapas e Tiros” tão desengonçado quanto Clark Kent. Parece que ele está conseguindo se encontrar na comédia, gênero que ele deveria fazer mais vezes. Já Ingrid Guimarães arranca risos da platéia quando coloca cacos em suas falas nas cenas em que está presente.
Outros destaques do longa de Rodrigo Bittencourt também vão para Kiko Mascarenhas que dá um show como o travesti Diaba Loira, com um personagem que parece ter saído dos filmes de Quentin Tarantino e Almodóvar. Fabio Porchat deixando um pouco os palcos e fazendo sua estréia no cinema finalmente contracenando com outros atores, brilha como o branquelo líder da comunidade DDC Do Morro, um vilão tão caricato quanto o Coringa do Batman.
E claro, todo filme policial sendo sátira ou não precisa de uma dupla de policiais de destaque. E em um filme de comédia precisava de uma dupla atrapalhada formada pelos atores Leandro Firmino e Fabio Lago. Ambos estiveram presentes nos filmes que “Totalmente Inocentes” satiriza. Enquanto que Leandro Firmino atuou em “Cidade de Deus”, Fabio Lago esteve em “Tropa de Elite”. Os atores agora fazem a dupla de policiais Nervoso e Tranqüilo, que são o oposto de seus nomes de profissão. Péssimos policiais, eles conseguem prender a Diaba Loira por sorte já que pequenos roubos feitos pelos adolescentes Da Fé, Bracinho e Torrado são feitos nas fuças deles sem eles nem tomarem conhecimento.
Totalmente Inocentes estréia dia 7 de setembro em todo o Brasil.
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